2 de julho de 2013

ORPHANED LAND: EXÓTICO E ENVOLVENTE

“Grupo emociona presentes com sua música pesada, densa e cheia de mistérios”

Texto: João Messias Jr.
Fotos: Gil Oliveira

Kobi Fahri
Foto: Gil Oliveira
Antes de falar do evento em si, estas linhas merecem um espaço para algumas considerações a respeito dos israelenses. Com mais de 20 anos de estrada (confirmar), a banda soube evoluir sem abrir mão da brutalidade. Iniciando como uma banda de death/doom, ao passar dos anos adquiriu contornos mais progressivos e soturnos, que mesclados a música regional do seu país de origem, angariou fãs de diversas vertentes, desde os de deathmetallers até os de grupos como Dream Theater e Pocupine Tree. Outra característica marcante do Orphaned Land é o fato de ser adorada por cristãos e “diehards”, pois passeiam pelos dois lados em suas letras, sendo intitulada como “Um Tango entre Deus e o Diabo”.

Em sua segunda tour pelo Brasil (muitos preferem esquecer do Metal Open Air, quando esteve escalado no cast),o quinteto israelense desta vez brindou o povo brasileiro em apresentações em estados como Minas Gerais (Roça ‘n’Roll) e São Paulo (Hangar 110). Ambas elogiadíssimas pelo público e mídia especializadas no assunto. Mas ainda teve tempo para mais e foi agendada mais uma data, no dia 2 de junho no Princípios Bar, em São Bernardo do Campo, casa que recentemente acolheu o rock e o metal.

Para esta celebração no ABC, foram escolhidas três bandas representativas da região: Pastore, Seven7h Seal e Demolition Inc.

Sem tendências e modismos

Yossi Sassi
Foto: Gil Oliveira
Às 18h30 subiu ao palco o quinteto Demolition Inc, que possui em sua formação o vocalista Ricardo Peres (Fates Prophecy, ex-Seven7h Seal). A música praticada pela banda surpreendeu aos poucos presentes, que ainda chegavam ao local, pois os caras fazem uma mistura inteligente do heavy tradicional e thrash, que trarão a lembrança de grupos como Metal Church (fases David Wayne/Mike Howe) e Fight, ou seja de elevar a adrenalina na estratosfera. Completam a banda Diego Reis e Cleber Beraldo (guitarras), Valter Martins (baixo) e Sergio Marchezoni (bateria), este substituiu nesta apresentação o músico original Hellvis Santos.

No set da banda os destaques foram Revolution Now, que tem tudo para ser um dos carros chefe do quinteto, The Pleague, Set the World on Fire e uma interessante versão para Refuse/Resist (Sepultura), que aqui foi transportada a sonoridade do Demolition Inc. Uma banda que merece atenção.

Recomeço

Uri Zelha
Foto: Gil Oliveira
A próxima banda foi o Pastore, que às 19h20 apresentou aos presentes sua nova formação, que conta com os seguintes músicos: Ricardo Baptista (guitarra, Laudany), e Derli Pontes (guitarra, Illustria), Adriano Carvalho Diniz (baixo, ex-Holy Sagga),  Marcelo de Paiva (bateria) e claro, o vocalista Mario Pastore. O novo line-up é tão coeso quanto o anterior e o fato de usarem duas guitarras novamente, conferem uma textura interessante nas canções do segundo trabalho do grupo, The End of Our Flames, como pode ser visto e ouvido em Brutal Storm.

Mas o foco foi o debut The Price of Human Sins, que teve como destaques as canções Fallen Angel (que fala de uma força invisível que está destruindo a humanidade), a “videoclíptica” Far Away e Nobody’s Watching.

Assim como os instrumentistas, o vocalista teve uma atuação soberba, pois apesar dos agudos e do “jeitão” Geoff Tate (Queensryche), soube trazer ao seu estilo partes mais rasgadas e até alguns urros.

Após mais um ótimo show, foi dada a notícia do cancelamento da apresentação do Seven7h Seal. Uma pena, pois a atual formação é muito forte e assim como as outras bandas de abertura, merecem maior atenção do público.

Espera encerrada

Kobi Fahri e Tiago Claro
Foto: Gil Oliveira
Já eram 20h30 da noite quando o Orphaned Land subiu ao palco. Formado atualmente por Kobi Fahri (voz), Uri Zelha (baixo), Matan Shmuely (bateria) e Yossi Sassi e Chen Balbus (guitarras) mostraram o porque de tantos elogios a sua música. Após a intro, os caras “chegaram chegando” com Birth of the Three (The Unification), Olat Há’tami e Bakarah que sintetizaram a apresentação. Pois embora o quinteto seja um grupo de metal, sua música não é feita para bater cabeça e sim sentir e dançar.
Sim, graças aos elementos folclóricos, canções como Sapari (um dos pontos altos do set) que pode ser facilmente incluída nas apresentações de danças orientais, como a dança do ventre, atenção dançarinas!

O show contou com a participação de Tiago Claro (Seven7h Seal) dividindo as vozes com Kobi em Ocean Landuma das faixas mais belas e sombrias da banda. Após essa canção, um clima de maior descontração aconteceu na faixa El Meod Na’ala, em que era possível ver o sorriso estampado no rosto de cada um dos integrantes, em especial de Sassi, que foi a simpatia em pessoa.

Norra El Norra (Entering the Ark) e Ornaments of Gold deram números finais a esta apresentação, que embora curta, não deveu em intensidade e feeling, coisa que muitos tentam, mas poucos conseguem.

Não tem como não esquecer

Apesar da ótima noite, algo não deve deixar de ser comentado, o baixo público. Não há desculpas. Mais uma vez vou tocar nessa tecla: será que os ditos headbangers só se manifestam quando há eventos como Rock in Rio, Monsters of Rock e apresentações individuais de grupos como Slayer, Iron Maiden e Black Sabbath?

Vamos nos conscientizar! 

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